sábado, 11 de maio de 2013

Dire Strais - Love Over Gold (82)



É o quarto álbum de estúdio do Dire Straits.

"Antes de comentar as poucas faixas do disco (eram apenas cinco), uma coisa interessante que se percebe é que, em duas músicas, Mark Knopfler não canta, apenas fala. É exatamente aí que se encontra sua genialidade musical: a aparente "pobreza" de linhas vocais contrasta com um instrumental verdadeiramente exuberante, tão rico, tão emotivo, e tão bem tocado, que a música se torna excelente mesmo assim.

O play abre com um petardo de rock progressivo chamado "Telegraph Road", de cerca de 14 minutos de duração. Há de tudo nessa música: melodia belíssima (ora singela, ora intensa), quebras de atmosfera e ambientação, interlúdios instrumentais, e uma letra excelente. Destaque também para os últimos minutos, em que o som se torna mais explosivo, com um solo de Knopfler tão memorável que poderia durar dezenas de minutos. A letra conta a história da construção de uma cidade a partir de uma trilha primitiva (a tal Telegraph Road), que mais tarde se transforma em avenida principal e lugar de grande congestionamento de veículos, ao redor da qual grandes instalações – prédios e empresas – vão sendo formadas; até que, muito tempo depois, a cidade se torna grande demais para ela mesma e então entra em colapso.

A segunda faixa é "Private Investigations", que se tornou clássica sobretudo por sua originalidade, focada em um clima de mistério, sobretudo na parte final em que ouvimos apenas uma ambientação de teclado e toques periódicos de uma nota só no baixo (logo após Knopfler sussurrar o nome da música). O violão (que já se fizera presente na faixa anterior) ganha ainda mais destaque, porquanto Knopfler sola o tempo todo. Aliás, essa é uma característica marcante dos Straits: seja guitarra, seja violão, as harmonias são basicamente focadas em pequeninos solos encaixados nos momentos em que Knopfler não canta, entre um verso e outro. Se bem que "cantar" não é o termo exato para essa música: aqui Knopfler apenas fala. E mesmo assim a melodia do todo é marcante. Eis sua genialidade. A letra fala de um e-lírico investigador, que, ao final de mais um dia cansativo de trabalho, avalia seus progressos.

Em "Industrial Disease", Knopfler de novo apenas fala, e nesta música o som é mais agitado, com um tema de teclado meio engraçado que ocasionalmente se repete após os "pedaços" de vocal, que é mais despojado aqui: em alguns momentos parece que Knopfler está rindo, ou zombando de alguma coisa. A construção é mais linear: não há tanta complexidade quanto as duas músicas anteriores, mas se trata de uma faixa muito interessante, embora infelizmente subestimada. A letra mordaz tem um conteúdo político-econômico, falando do declínio da indústria manufatureira britânica no início dos anos 80, concentrando-se em greve de depressão e disfuncionalidade.

A quarta música é a faixa-título, que nos traz um clima, eu diria, "romântico", com uma melodia singela que novamente evidencia bastante o violão. Não considero a melhor do álbum, mas reconheço a excelência do solo de violão no final. Algo, talvez, comparável ao que David Gilmour fez no final de "Lost For Words", do último álbum de estúdio do Pink Floyd.

E o play fecha como começa. "It Never Rains" tem algumas das caracterísicas da primeira faixa: grande duração, início leve e singelo, e um crescendo de peso que culmina em minutos finais de um instrumental explosivo e de longo solo de guitarra. Eu, como grande apreciador dos apoteóticos desfechos instrumentais conduzidos por Knopfler, tenho que "Telegraph Road" e "It Never Rains" fazem o álbum. Esta é outra faixa (absurdamente) subestimada.

O que não faz "Love Over Gold" um clássico de tão grande repercussão quanto o sucessor "Brothers In Arms" é o fato de que aquele só tem duas músicas consideradas clássicas dos Straits (as duas primeiras), sendo que apenas uma emplacou como "hit" (a segunda); ao passo que este emplacou pelo menos 4 grandes "hits". Porém, uma audição detalhada do álbum nos mostrará que este trabalho não deve nada a nenhum outro: a criatividade é latente, a qualidade da gravação é ótima, e cada uma das faixas possui uma peculiaridade que a destaca de alguma forma. Em minha opinião, a tracklist de cinco músicas conta com cinco clássicos atemporais.

Ademais, "Brothers In Arms" é um trabalho mais "pop" e mais colorido. "Love Over Gold" é mais progressivo, complexo, sólido, introspectivo, obscuro. Mas exuberante."

(Fonte: Resenha - Love Over Gold - Dire Straitshttp://whiplash.net/materias/cds/161049-direstraits.html#ixzz2T0YCpnFG)

Disco e capa em excelente estado.
Edição Brasileira Original de 1982.
Saindo por R$ 15,00




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