Depois do incidente em Miami, as coisas começaram a piorar. Morrison nadava solenemente em um mar de drogas, e principalmente, nas bebidas, chegando atrasado às gravações e criando pouco. Isso obrigou os demais membros a comporem, principalmente Krieger, que reformulou o som do grupo. O resultado é que The Soft Parade acabou recebendo uma aceitação oposta ao sucesso que o The Doors havia alcançado até então, apesar de ter chegado na sexta posição na Billboard, principalmente por conta de “Touch Me”, um dos maiores hits dos californianos, e que demonstra muito do que é o álbum, com sua forte sessão de metais acompanhando os vocais perdidos de Morrison.
Discordo daqueles que falam que durante todo o álbum, presenciamos a inclusão de metais e cordas. Isso ocorre com ênfase apenas nas duas primeiras faixas do Lado A, a chocante “Tell All The People”, destacando o piano de Ray, e a já citada “Touch Me”, fazendo o The Doors parecer uma banda de apoio para programa de TV, com sua linha alegre e nem um pouco psicodélica, mas com qualidades suficientes para sacudir a perna do vivente, principalmente no empolgante solo do saxofonista Curtis Amy. Os metais surgem também em “Runnin’ Blue“, uma canção experimental que homenageia Otis Redding (falecido em dezembro de 1967), fundindo jazz com rock, country e soul, e destacando a imitação de Krieger para Bob Dylan.
O grupo também passeia pelo country em “Easy Ride”, e com naturalidade, vai ao blues lisérgico de “Shaman’s Blues”, colocando as cordas de Krieger para fritar em um óleo extremamente quente oferecido por órgão e Densmore, e mais lisergia surge no riff marcante de Krieger em “Wild Child”, imitando os cânticos indígenas. A balada do álbum fica para a bela “Wishful Sinful”, recheada com cordas e com uma interessante linha de baixo, que se sobressai em “Do It“, uma das canções mais injustamente desprezadas pelos fãs de The Doors, principalmente por que é impossível não sair pulando pela casa quando Morrison solta o “Please, please Listen to me children”, além das diversas mudanças de andamento em tão pouco tempo.
O melhor ficou para o fim, com a experimental faixa-título, daqueles raros momentos que entram para a história não somente pela música, com infinitas variações de estilos e andamentos em seus quase nove minutos de duração, mas também pelo momento em que foi concebida, já que a gravação do vocal do último épico do The Doors foi feita com Morrison totalmente stoned (chapado) e recebendo uma “ajuda oral” de sua namorada Pamela Courson em pleno estúdio. Uma canção conturbada, ácida e marcante, mas que infelizmente, demorou para conquistar os fãs, assim como quase todo o álbum, que considero o mais criativo que o grupo gravou, e tranquilamente Top 3 entre os melhores dos californianos.
(http://consultoriadorock.com/2013/12/08/discografias-comentadas-the-doors/)
Disco e capa em ótimo estado.
Importado Germany.
Saindo por R$ 85
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