quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Paulo Vanzolini - Por Ele Mesmo (81)



"Representante do samba de São Paulo, ao lado de Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini deixou para a música brasileira cerca de 60 composições. Duas delas viraram clássicos do nosso cancioneiro - "Ronda" e "Volta por Cima". Esta última criou a expressão utilizada pelos brasileiros quando querem falar sobre a superação de uma crise, principalmente as amorosa: "levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".

Em 2003, quando lançou a caixa com quatro CDs "Acerto de Contas", anunciou que havia parado de compor. "Perdi o gosto", disse o sambista e zoólogo - esta última considerada por ele sua verdadeira profissão. Mesmo não estando mais na ativa como sambista, sua contribuição para a música popular brasileira, em cerca de 50 anos como compositor, já valeu a pena.. Como zoologista, também produziu trabalhos de pesquisa na área da herpetologia (com répteis) e foi diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) por 30 anos, de 1963 a 1993. Mas continuou por lá mesmo depois de aposentado.

Hoje com 85 anos, Paulo Emílio Vanzolini nasceu no dia 24 de abril de 1924, em São Paulo, onde se criou. Passou apenas dois anos vivendo no Rio durante a infância, dos quatro aos seis anos, quando o pai, o engenheiro Alberto Vanzolini, participou da construção do Instituto de Educação, no bairro da Tijuca. Com a Revolução de 1930, a família decidiu voltar para São Paulo.

Não tinha nenhuma formação musical. Para compor, Vanzolini cantarolava as letras e os amigos músicos as colocavam em partituras. Na década 40, quando decidiu morar sozinho no Centro de São Paulo e cursava Medicina, fez suas primeiras incursões como compositor. Também chegou a fazer bicos na Rádio América, no programa "Consultório Sentimental", apresentado pela atriz Cacilda Becker, falando sobre receitas para emagrecer.

Mas foi somente em 1951, quando voltou do doutorado em Zoologia, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que compôs seu primeiro sucesso, "Ronda". Dois anos mais tarde, foi gravado pela cantora Inezita Barroso, mas só veio emplacar na voz de Márcia, na década de 60. Nessa mesma época, trabalhou na produção dos programas musicais da cantora Aracy de Almeida, na TV Record, onde fez seus primeiros contatos com Adoniran Barbosa.

"À noite eu rondo a cidade, a te procurar, sem encontrar". Os primeiros versos de "Ronda" mostram a forma singular de Vanzolini criar suas músicas, retratando fatos do cotidiano que ele observava na metrópole, em especial nas noites de boemia. Em entrevista à Folha de S. Paulo, ele contou: "Cansei de ver mulher chegar na frente do bar, olhar para dentro como se procurasse alguém e ir embora. Não foi uma só que vi. Escrevi sobre isso". O crítico musical Antônio Cândido afirmou, no encarte do box "Acerto de Contas": ''Como autor de letra e música ele é o oposto da loquacidade, porque não espalha, concentra... tem a capacidade de achados verbais que fazem a palavra render o máximo. Vanzolini é um mestre de muitas faces''.

Em sua lista de composições, além de "Ronda" e "Volta por Cima", esta gravada pela primeira vez em 1962 pelo cantor Noite Ilustrada, figuram clássicos do samba paulista. Por muitos anos, suas músicas eram conhecidas apenas pelos frequentadores do bar Jogral, seu preferido na época, onde dava umas poucas canjas. Foi aí que o proprietário do bar e amigo Luís Carlos Paraná, juntamente com Marcus Pereira, decidiu, em 1967, produzir o disco "Paulo Vanzolini: Onze Sambas e uma Capoeira". Lá começava a despontar sucessos como "Praça Clóvis", "Samba Erudito" e "Capoeira do Arnaldo".

"No Fim Não se Perde Nada", "Noite Longa" e "Boba" foram, em 1969, gravadas por Toquinho, um de seus poucos parceiros nas composições. ao lado Vanzolini também fez parcerias musicais com Eduardo Gudin, Elton Medeiros e Paulinho Nogueira. Na década de 70, Cristina Buarque gravou "Cara Limpa". A gravadora Marcus Pereira lançou, em 1974, o disco "A Música de Paulo Vanzolini", com canções interpretadas por Carmem Costa e Paulo Marquês, entre elas "Mulher Não Dá Samba", "Falta de Mim", "Inveja", "Samba Abstrato", "Sorrisos", "Teima Quem Quer", "Maria que Ninguém Queria", "Menina o que Foi o Baque", "Mulher Toma Juízo" e "Choro das Mulatas". O parceiro Eduardo Gudin gravou, em 1978, os sambas "Mente" e "Longe de Casa".

Foi só em 1981 que Vanzolini lançou seu primeiro disco individual "Paulo Vanzolini por Ele Mesmo", no qual cantou alguns de seus clássicos como "Bandeira de Guerra", "Tempo e Espaço", "Amor de Trapo e Farrapo", "Alberto", "O Rato Roeu a Roupa do Rei de Roma" e "Cravo Branco". No ano passado, o documentário "Um Homem de Moral" foi lançado pelo cineasta Ricardo Dias, enfocando a arte de Vanzolini."

(http://raizesmpb.folha.com.br/vol-16.shtml)


Disco e capa (dupla - com letras) em ótimo estado.
Edição Original de 1981.
Saindo por R$ 25,00

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