sábado, 5 de setembro de 2015

Witchfinder General - Death Penalty (1982)



"Dentre as inúmeras bandas surgidas no reino Unido durante o período que vai de 1979 a 1982 (reconhecido pela maioria dos interessados como o auge da NWOBHM), é relativamente pequeno o número delas que de fato superaram as fronteiras do movimento – e, enquanto a maior parte das bandas do cenário mergulhou no esquecimento, algumas conseguiram deixar um legado que permanece vivo até hoje. O Witchfinder General é uma destas bandas. Embora tudo nos leve a crer que o conjunto não era exatamente um sucesso estrondoso na época, o tempo se encarregou de cobrir o som do conjunto de uma aura cult, sendo hoje reverenciado como uma grande influência pelas correntes mais negras do metal e, mais especificamente, como um dos pioneiros do Doom Metal.

Aparentemente, a trajetória do Witchfinder General (nome inspirado por Matthew Hopkins, o mais atuante caçador de bruxas da história britânica) remonta a 1977, quando Phil Cope (G) e Zeeb Parkes (V) se conheceram e passaram a compor algumas músicas em parceria. No entanto, os primeiros sinais de existência efetiva de uma banda só aparecem em 1979, quando o projeto faz suas primeiras aparições ao vivo. Tendo optado pela formação em quarteto, já na época Zeeb e Phil encontram grande dificuldade em fixar um time, com baixistas e bateristas entrando e saindo em escala quase semanal. Isso certamente acarretara um considerável atraso na evolução do grupo, e só em 1981 o conjunto consegue despertar a atenção da Heavy Metal Records, então lar de nomes como The Handsome Beasts e Jaguar, que concorda em financiar a primeira gravação do grupo (até onde se sabe, o quarteto nunca chegou a registrar uma demo).

Assessorados pelo baixista Toss McReady e pelo baterista Steve Kinsell, Phil e Zeeb registram as faixas que, pouco depois, comporiam seu primeiro lançamento. O 7” single, contendo “Burning a Sinner” e “Satan’s Children”, é visto hoje como um item lendário, e colecionadores desembolsam quantias superiores a 100 Euros pelo privilégio de possuir um exemplar – nem mesmo uma reedição de idoneidade duvidosa, disponibilizada em 1998, foi capaz de diminuir a demanda. No lado musical, o metal pesado e sombrio, movido a riffs elaborados e de notória influência de Black Sabbath provocou alguma comoção na cena metálica das West Midlands (região geográfica de onde se origina o grupo e berço de gigantes como o Judas Priest e o próprio Black Sabbath), o que incentivou o selo a investir em novos lançamentos do promissor conjunto. Ainda em 1981, a excelente “Rabies” seria incluída na coletânea “Heavy Metal Heroes”, brilhando ao lado de grupos como Split Beaver, Soldier e Grim Reaper, e no ano seguinte veio ao mundo o 12” EP “Soviet Invasion”, contendo a faixa-título, a já citada “Rabies” (segundo algumas fontes, ambas seriam sobras das sessões de gravação do primeiro single - e de fato o resultado sonoro é bem semelhante) e uma versão ao vivo de “R.I.P.”, mais tarde imortalizada em estúdio para o debut LP. Este 12” também é um item valiosíssimo para colecionadores. A repercussão desses lançamentos deve ter sido interessante, pois ainda em 1982 seria lançado o LP “Death Penalty”, indiscutivelmente um dos grandes clássicos da NWOBHM.

A formação que efetivamente gravou o disco ainda hoje é uma incógnita, e o assunto é de fato tão nebuloso que merece uma explicação um pouco mais detalhada. São creditados no disco, além de Phil Cope e Zeeb Parkes, um certo Woolfy Trope no baixo e Graham Ditchfield na bateria – de fato, McReady e Kinsell já haviam deixado a banda há algum tempo quando da gravação do LP. No entanto, é fora de dúvida que ao menos Graham não participou de fato das gravações, tendo sido escalado apenas para os shows que se seguiriam ao lançamento – assim, a inclusão de seu nome no encarte serviria mais como introdução do músico aos fãs do que como crédito efetivo nas gravações. Quanto ao baixo, já há algum tempo Zak Bajjon (que esteve durante algum tempo no Lionsheart) tem alegado ter sido músico do Witchfinder General no período em questão, e algumas fontes afirmam mesmo que o citado músico teria gravado as linhas de baixo de “Death Penalty”, deixando o grupo logo depois – em tal caso, o nome Woolfy Trope teria sido incluído pelos mesmos motivos que o de Ditchfield, faltando o encarte com a verdade mais uma vez. Alguns rumores dão conta inclusive de que uma pequena prensagem promocional de “Death Penalty” conteria os créditos corretos, citando Zak e um tal Kid Nimble na bateria ao lado de Zeeb e Phil. Uma história fascinante, sem dúvida; mas, como nos faltam evidências mais concretas para apoiar tal argumentação (acima de tudo, jamais uma das tais cópias promocionais de fato apareceu) e considerando que Zak Bajjon nunca perde uma oportunidade de projetar seu nome às custas de sua associação com o Witchfinder General (o que o desqualifica como fonte confiável nesse caso), nos parece mais seguro supor que Woolfy Trope foi quem, no fim das contas, gravou as partes de baixo do álbum – mesmo porque é quase certo que Trope nunca tocou ao vivo com o Witchfinder General, tendo saído após as gravações, o que vai contra a intriga citada acima. Quanto ao baterista, a questão segue um enigma, estando estabelecido que um músico de estúdio participou das sessões, embora não se saiba qual seria a sua identidade.

De qualquer modo, seja lá quem gravou o LP, o fato é que sua musicalidade é realmente fantástica e, embora não remeta diretamente ao Doom Metal como seria de se supor (é mais mórbida do que depressiva e consideravelmente mais rápida), seus riffs marcantes e letras macabras, no mais das vezes inspiradas em temas ocultos e clássicos do terror, certamente tiveram importância para a formação do cenário mais “negro” surgido a partir da metade dos Anos 80. Seja como for, a repercussão foi boa (embora mais modesta do que a que grupos de mentalidade semelhante como Demon e Cloven Hoof recebiam na época), e a inclusão de uma das faixas do disco (“Free Country”) na segunda edição de “Heavy Metal Heroes” certamente ajudou a elevar o nome do conjunto. Porém, o Witchfinder General havia se tornado pouco mais do que um projeto de estúdio então, fazendo pouquíssimas aparições ao vivo (se é que de fato elas aconteciam então) e sem jamais fixar uma formação por um tempo mínimo capaz de dar estabilidade ao grupo. De qualquer modo, já em 1983 a banda voltava aos estúdios, e uma line-up com Zeeb Parkes, Phil Cope, Graham Ditchfield e Rod Hawkes no baixo foi confirmada para as gravações do que seria “Friends of Hell”. O álbum mostrava considerável progressão em relação ao debut, sendo no geral um trabalho mais pensativo e menos macabro (apesar do título) do que seu predecessor. Infelizmente, a repercussão foi bastante inferior à alcançada pelo trabalho anterior, e as dificuldades inerentes à manutenção de uma banda em tais circunstâncias devem ter sido suficientes para desmotivar o grupo, que já na metade da década deixava de existir, tendo mais provavelmente acabado de vez no primeiro semestre de 1985.

Vendo em retrospecto, parece ter faltado ao Witchfinder General um pouco de sorte, e não está fora da realidade supormos que, tivesse conseguido fixar uma formação e promovido seus lançamentos de modo eficaz, o grupo poderia ter experimentado uma existência mais duradoura e bem-sucedida. Recentemente, com a renovação do interesse geral por este velho membro da NWOBHM (disparada pela aparição da música “Witchfinder General” na versão em CD da coletânea “NWOBHM ’79 Revisited”, coordenada por Lars Ulrich do Metallica, e por comentários elogiosos de vários nomes fortes do metal atual, entre eles o ex-Pantera e atual Superjoint Ritual Phil Anselmo), boatos surgiram dando conta de que um CD com material ao vivo do início dos anos 80 estaria prestes a sair, e até mesmo que o velho núcleo Parkes/Cope havia voltado a se encontrar e cogitava uma volta do Witchfinder General à ativa. Infelizmente, afora o relançamento em CD de boa parte do antigo catálogo do grupo, nada disso se materializou até o momento e o Witchfinder General segue sendo acima de tudo um nome do passado, respeitado por fãs de metal extremo e por entusiastas da NWOBHM. Que descanse em paz."

(http://whiplash.net/materias/biografias/039456-witchfindergeneral.html)


Faixas
"Invisible Hate" – 6:05
"Free Country" – 3:10
"Death Penalty" – 5:35
"No Stayer" – 4:25
"Witchfinder General" – 3:51
"Burning a Sinner" – 3:28
"R.I.P." – 4:04


Disco e capa em ótimo estado.
Importado UK.
Edição 1983.
Saindo por R$ 85


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