quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Zabriskie Point (1970)



Zabriskie Point pode não ser o melhor filme do mestre Michelangelo Antonioni (eu prefiro Blow UP), mas a trilha sonora é uma verdadeira aula de psicodélia, com destaque para as participações do Grateful Dead e do Pink Floyd (que ganhou um inexplicável "The" nos créditos). Uma preciosidade.


"A trilha sonora instigante pontua os rostos que vão sendo exibidos em closes. Eram os anos 60. O mundo era um imenso coquetel molotov pronto para explodir. No cinema acontecia uma revolução por minuto. Dezenas de diretores inovavam no texto, no corte, na fotografia. Seus filmes eram as imagens vivas de um mundo que se transformava velozmente.  O italiano Antonioni tinha contrato assinado para rodar 3 películas em inglês. A primeira foi “Blow Up”, vencedora da Palma de Ouro em Cannes. A terceira, “Profissão Repórter”, com Jack Nicholson. A segunda, “Zabriskie Point”(1970), um retrato da contracultura americana, ficou um pouco desvalorizada entre os dois.

As imagens que se revelam lentamente na câmera de Antonioni parecem quadros que se movimentam. O céu azul, as areias da Califórnia, o sangue no rosto dos estudantes. Cada take de suas lentes é uma obra de arte que poderia ser estudada separadamente. Juntos, fazem de “Zabriskie” uma experiência visual saborosa.

Mark (vivido por Mark Frechette) é o protagonista da história ao lado de Daria(Daria Halprin). Uma espécie de James Dean hippie, ele está de saco cheio do blá blá blá das reuniões estudantis. Quer pegar em armas. Quer ação. Está pronto pra “morrer antes dos 30” como gritava o The Who em “My Generation”. Durante a greve de alunos, ele acaba sendo o principal suspeito de ter matado um policial. Já a jovem Daria é secretária. Ela tem que atravessar o deserto até Phoenix para encontrar seu chefe, um empresário do ramo imobiliário que está construindo um mega condomínio na Califórnia. No meio do caminho, os dois jovens se encontram.

A cena de amor na areia é uma das coisas hippies mais legais já feitas até hoje. Parece ter sido extraída de uma versão mais selvagem do musical Hair, com as curvas da bela Daria salpicadas de pó, o casal se enlaçando nas dunas de Zabrieskie Point ao som da trilha psicodélica e o ato da criação multiplicando-se na pele de milhares de jovens que surgem como uma alucinação. A trilha, inclusive, é outro banquete sinestésico reunindo nomes importantes do flower power como Rolling Stones, Pink Floyd e Greateful Dead.

Zabriskie foi quase todo rodado com atores amadores, alguns sem qualquer outra experiência na frente das câmeras. Mark na vida real era um radical que morava em uma comunidade hippie. Depois de atuar em mais dois filmes italianos (“Many Wars Ago” e “La Grande Scrofa Nera”), acabou sendo preso por assalto a banco e morreu na cadeia num estranho acidente com um halteres. Harrison Ford também dá as caras em um minúsculo papel, fazendo parte da manifestação de alunos no posto policial.

O momento em que Daria imagina a explosão do condomínio e de todo o american way of life é um grande orgasmo revolucionário. O sonho de todo jovem daquela geração era que o frango, as casonas e os televisores fossem implodidos junto com os velhos, para que a juventude pudesse fazer amor livre no deserto, voar em aviões multicoloridos e começar a História (com h maiúsculo) toda de novo. Foram-se os sonhos, mas ficaram os belos filmes."

(http://www.punkbrega.com.br/2013/12/zabriskie-point-1970-de-michelangelo-antonioni-retrata-os-sonhos-dos-jovens-hippies-em-belas-imagens/)

1. Heart Beat, Pig Meat - The Pink Floyd
2. Brother Mary - The Kaleidoscope
3. Dark Star (Excerpt) - The Grateful Dead
4. Crumbling Land - The Pink Floyd
5. Tennesee Waltz - Patti Page
6. Sugar Babe - The Youngbloods
7. Love Scene - Jerry Garcia
8. I Wish I Was A Single Girl Again - Roscoe Holcomb
9. Mickey's Tune - The Kaleidoscope
10. Dance Of Death - John Fahey
11. Come In Number 51, Your Time Is Up - The Pink Floyd


Disco e capa em ótimo estado.
Edição Brasileira 1980.
Saindo por R$ 90


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