domingo, 3 de agosto de 2014

Kiss - Dressed To Kill (1975)



"No começo de 1975, Hotter than Hell dá sinais que não consegue projetar a banda para o lugar em que ela queria estar. Neil Bogart, num golpe político, juntamente com a então namorada Joyce Biawitz demite os produtores dos dois álbuns anteriores. Ao descobrir que a banda estava recebendo ofertas de outras gravadoras, percebem que deveria haver uma mudança no comando da banda, para que a própria banda se convencesse que o novo rumo resolveria o fracasso dos álbuns anteriores. Neil havia dito para a banda que ela necessitava de um hino, e a banda, antes da viagem para a tal reunião com caráter político, que mudara os rumos no comando, e ainda no Hotel Continental Hyatt House (Los Angeles), em Janeiro de 1975, cria Rock and Roll All Nite – Gene Simmons faz as estrofes, e Paul Stanley o refrão. Neil Bogart seria o produtor do novo álbum (mais por uma questão de custo, pois era mais conhecedor da sonoridade “Disco”, comum nas demais atrações da gravadora) e o grupo se convence a se manter na Casablanca Records, as gravações se dariam no Eletric Ladyland Studios em Nova Iorque.

DRESSED TO KILL marca uma mudança de som da banda, mais limpo, em relação aos anteriores, porém isso não deve ser creditado diretamente à mudança da produção. Paul Stanley se lembra de Ace Frehley tocando em um amplificador que ele próprio havia feito, e os outros amplificadores eram pequenos Fenders e pro baixo provavelmente um Ampeg B15 , ou seja amplificadores de 15 a 20 watts de potência , que eles usavam “no talo” – o que seria isto, um corte de custos ou uma idéia louca? Neil Bogart, que não era bem um produtor, estava fumando maconha durante as sessões, e talvez não tivesse a correta percepção da realidade do que estava sendo feito ali. Havia um problema maior: com exceção de She – que era tocada nos shows ao vivo e Love Her All I Can, não havia nenhum material prévio disponível para gravação. She foi adaptada da anterior versão do Wicked Lester, e Ace fez um solo, claramente influenciado pela música Five to One (The Doors), as outras músicas foram feitas durante a gravação do álbum. A banda literalmente parava as gravações para compor, mas tudo correu muito rápido, sem grandes elaborações. Novamente a intenção do “atual produtor” era tentar capturar o som da banda ao vivo no álbum. 

Outra novidade que seria estendida para os próximos álbuns: O processo de gravação começa a mostrar uma diversidade em quem toca o que, e isto não é exposto na capa do álbum. Gene toca guitarra em Ladies in Waiting e Paul sola em C´mon and Love me – e nada aparece na capa – indicando créditos para toda a banda, indiferentemente de suas participações. A avaliação de cada um em relação ao álbum é bem diversa: Simmons avalia como 2,5/5, Stanley dá 3,5/5, Criss daria 3/5 e Frehley é o mais satisfeito, avaliando como 4/5. No último dia de gravação, Bob Gruen vem para criar um momento clássico: A fotografia para capa do álbum com os membros em ternos – alguns esquisitos – e mascarados, é tirada em uma rua próxima ao estúdio de gravação, na esquina sudoeste da Rua Vinte e Três com a Oitava Avenida. Ao que parece, os ternos eram de Bill Aucoin, o empresário do conjunto, algumas das gravatas do próprio fotógrafo e o tamanco usado por Gene era da então esposa de Bob Gruen.

Apesar da correria na gravação do álbum e da “pouca” produção do mesmo, há um sentimento positivo no processo, até porque a banda retorna para sua cidade e se sente muito mais confortável para fazê-lo. Segundo Peter Criss, eles se esforçaram árduamente para que DRESSED TO KILL fosse realizado, mas estavam felizes, em casa e no estúdio de gravação que era o seu predileto (Eletric Lady , Studio B). Em 19/03/75 o álbum é lançado, e se inicia uma onda em que a gravadora começa a inovar na embalagem ou mesmo nas qualidades das capas. Neste caso, a capa era em alto relevo, destacando o nome da banda. Dois dias depois, Bill Aucoin, utilizando sua influência, consegue dois shows como Headliners no Bacon Theater em Nova Iorque. 

É a primeira vez como banda principal, um sentimento estimulante para quem havia tocado somente como banda de abertura, se sujeitando às vontades das outras bandas principais. Em 24/03/75, o primeiro passo na direção de uma acidental tacada de mestre: O show no Allen Theatre, Cleveland, Ohio é gravado por vários motivos. O principal: a banda vinha sendo constantemente abordada por outras gravadoras, e a Casablanca já se preocupava em preparar um material mais fácil para a gravação do quarto e talvez derradeiro álbum do contrato inicial. Outra grande vantagem, a redução de custos de uma futura gravação em estúdio, além do fato em que registrava aonde o grupo sempre brilhou: os shows ao vivo, o que até então não se conseguia transpor em vibração, espontaneidade, enfim o que era de melhor, para os álbuns em estúdio.

Na promoção do álbum, tocam She e Black Diamond em 1/04 no programa The Midnight Especial (disponível no Kissology Vol 1) e o sempre inovador Neil resolve alugar o Michigan Palace para gravação de dois vídeo-clips: Rock and Roll All Nite e C´mon and Love me – os dois singles lançados no álbum ( também disponíveis no Kissology Vol 1). Na mesma noite, a banda se apresenta novamente como Headliner no Cobo Hall. Em 3/5/75 tocam na Filadéfia,no Tower Theater, em um show inusitado que teria Paul Stanley usando óculos escuros por sobre sua máscara tradicional, em função de uma conjuntivite. A banda retornaria para o Cobo Hall em outra noite para gravações do show em 16/05, assim como em 21/06 em Cleveland e 23/07 em Wildwood, New Jersey. A turnê de DRESSED TO KILL terminaria em setembro daquele ano. Embora DRESSED TO KILL não tenha levado o KISS ao sucesso desejado, entrar entre os 40 da parada americana, foi um passo na direção correta. O pequeno sucesso de Rock and Roll All Nite, que atingiu o número 68 nas paradas de singles apontava uma confiança para o futuro. Uma coisa era clara: o álbum não correspondia com o já então relativo sucesso da banda como Headliners nos seus shows, mas pode se ressaltar que ele seria o primeiro de estúdio dos três primeiros a receber Gold RIAA certification, mostrando um avanço, ainda que refletido tardiamente. Bom, agora era partir para a conclusão do contrato com a Casablanca, lançando um álbum que realmente refletisse os shows do grupo: Kiss Alive! – mas isso é historia para o próximo post.

DRESSED TO KILL é um álbum mais leve, as guitarras quase sem peso, mas tem uma bateria mais bem gravada. É um álbum mais rock and roll na essência do que os anteriores. Talvez não traga tantos clássicos, mas as músicas menos conhecidas tem muita qualidade, como Love her all I can , tocada recentemente na turnê Rock the Nation. Para nós, do post, que gostamos de um pesinho… teria tudo para ser desprezado, mas não é. Não é, porque o álbum apresenta uma espontaneidade que transpira pelos alto-falantes. É um álbum curto, mas muito gostoso de ouvir, e que tem mais uniformidade de estilos do que os anteriores. Facilmente poderíamos escolher o KISS – primeiro – como um álbum melhor dos três, mas neste caso, cada um tem seu teor – KISS com mais musicas clássicas – HOTTER THAN HELL, mais pesado e DRESSED TO KILL – mais rock and roll (tirado do pé – Rolf!), se alternam em nossas preferências. Cabe destacar que em certos países o logotipo do KISS nas capas era modificado, com os SS invertidos, de forma a não remeter ao símbolo do nazismo. DRESSED TO KILL é o primeiro onde a capa brasileira mostra este logotipo alterado, embora outros que foram distribuídos na mesma época mostravam-se com logotipo original. Isto demostra que nossa distribuidora não seguiu nenhum padrão, e provavelmente procurava a forma mais barata de distribuição, não se importando com a opinião dos fãs."

(http://whiplash.net/materias/cds/109797-kiss.html)

Faixas:
1 - Room Service – 2:59
2 - Two Timer – 2:47
3 - Ladies in Waiting – 2:35
4 - Getaway – 2:43
5 - Rock Bottom – 3:54
6 - C´mon and Love me – 2:57
7 - Anything for my Baby – 2:35
8 - She – 4:08
9 - Love Her All I Can – 2:40
10 - Rock and Roll All Nite – 2:49

Disco e capa (com um pouco de desgaste) em ótimo estado.
Edição Brasileira 1982.
Saindo por R$ 35


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