domingo, 22 de março de 2015

The Who - The Who Sell Out (1967)



"Na definição de Pete Townshend, eles eram no começo "meramente caras com narizes grandes e genitais pequenos tentando estar nas manchetes". OK, mas eram mods, com suas roupas impecáveis e ar invocado, membros de um grupo da juventude britânica que afirmava sua personalidade através de um modo estilizado de se vestir, de um comportamento intempestivo, das gírias e, é claro, das preferências musicais - o soul da Motown e Stax.

Foi nesse ambiente onde circulavam no final de 1963, ainda com o nome The High Numbers, que foram descobertos pelos então cineastas Kit Lambert e Chris Stamp. A dupla decidiu empresariá-los e, para isso, trocou seu nome pelo que usavam anteriormente - The Who. O próximo passo foi realçar a aura da rebeldia e violência que impregnava suas apresentações. Assim, Townshend - que já impressionava por suas incríveis peripécias no palco - passou a deixar um rastro de guitarras destruídas por onde o grupo tocava, assim como Keith Moon literalmente demolia o seu kit de bateria após cada show. O complemento ideal era garantido pela técnica calculada do baixista John Entwistle e a presença e voz potente de Roger Daltrey.

Ao longo de 1965 surgiriam os primeiros compactos da banda, clássicas composições de Townshend, como "I Can't Explain", "Anyway, Anyhow, Anywhere" e "My Generation", que, ao lado do álbum de estréia - My Generation -, os consolidaria como uma das sensações do rock britânico. No ano seguinte uma nova sucessão de compactos, o segundo LP - A Quick One - e uma arrasadora tour pelos EUA projetaram definitivamente o nome daquele bando de malucos que tocavam incrivelmente alto, detonando os equipamentos e mesmo os hotéis por onde passavam. Eles estavam nas manchetes.

De volta à Inglaterra, o Who começou a preparar o terceiro LP, com a principal preocupação de abordar o relacionamento entre sua música e os meios de divulgação e consumo a ela associados. O resultado foi The Who Sell Out, que já revelava suas intenções a partir da capa: os quatro membros do grupo em anúncios (Pete com um desodorante, Roger mergulhado em feijão enlatado, Keith com um creme antiacne e John promovendo um curso de musculação). A banda assumia que era só mais um produto à venda.

Musicalmente, o LP foi concebido como se fosse um dos programas das rádios piratas que na época proliferavam em solo inglês, com as canções intercaladas por jingles e anúncios diversos. Desde a abertura, com o psicodelismo de "Armenia City in the Sky" (composta por Speedy Keen) até a longa canção final, "Rael (1 and 2)" - que prenunciava as óperas-rock que se seguiriam -, ficava claro que Townshend direcionava o Who para outras aventuras sonoras, além de suas obsessões mod. Músicas como "Tattoo", "I Can See For Miles" e, especialmente, a etérea "Our Love Was, Is" mostravam uma natural expansão da musicalidade do grupo, sem nunca perder contato com suas raízes.

Esse processo alcançaria a consagração popular com Tommy (1968) - um fantasma que iria acompanhar a banda pelo resto de seus dias - e resultaria em mais dois álbuns essenciais: Who´s Next (1971) e Quadrophenia (1973), este um derradeiro tributo à geração mod. A partir daí, apenas mais dois LPs menos expressivos até a morte de Keith, em 1978. Os discos e comebacks realizados desde então só serviram como um triste e interminável epitáfio para uma carreira tão gloriosa. Uma pena."

(Celso Pucci, Bizz#060, julho de 1990)


Faixas:
A1. Armenia City in the Sky - 3:47
A2. Heinz Baked Beans - 1:00
A3. Mary Ann With the Shaky Hand - 2:28
A4. Odorono - 2:34
A5. Tattoo - 2:51
A6. Our Love Was - 3:23
A7. I Can See for Miles - 4:44

B1. Can't Reach You - 3:03
B2. Medac - 0:57
B3. Relax - 2:41
B4. Silas Stingy - 3:07
B5. Sunrise - 3:06
B6. Rael 1 - 5:44


Disco em excelente estado (Novo).
Importado USA.
Reedição 2000´s.
Saindo por R$ 130

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